quinta-feira, 1 de setembro de 2022

 Acabei de ler algo que eu escrevi faz muitos anos ... quase 50 anos.

No texto eu escrevi que queria na minha vida ser: 1)generoso 2)ter a agilidade física de um atleta, 3)ter a segurança emocional de um filósofo, 4)ter o desenvolvimento intelectual de um mestre, 5)ter a sensibilidade de um poeta, 6)deixar um patrimônio econômica para meus descendentes

Então eu  fui pensar em que medida eu consegui cumprir minhas intenções cristãs manifestadas na adolescência cheia de complexos e limitações econômicas, mas muita afeição e amor das pessoas que me cercavam na época.

Fui generoso e cuidei de muitas pessoas da família, muitas vezes superando condições financeiras extremamente limitantes. Mantenho um site para alunos pobres estudarem para o Enem de graça.

Nunca deixei de fazer atividade física, e faço até hoje. Jogo tênis faz 25 anos e posso dizer que acabei aprendendo a duras penas e pitis desagradáveis.

Tenho segurança ideológica mas que não me dá a segurança emocional que deveria ter.

Sou mestre reconhecido por Universidade no país e professor em cursos de pós graduação em Universidade tradicional.

Estou deixando patrimônio para meus descendentes razoável se pensar na minha origem social e econômica.

É curioso como os desafios objetivos e quantificáveis são mais facilmente avaliáveis. Os mais subjetivos são praticamente impossíveis de serem aquilatados 



domingo, 22 de agosto de 2021

 VERBETE DA VIA Perdi pessoas próximas para a morte. Mas, pessoas mais velhas, não menos doloridas mas mais admissíveis, na  medida em que ver alguém amado morrer seja admissível.

Mas perder meu irmão está sendo tão doido, que duvido que eu vá recuperar meu estado de ânimo um dia. Meu Mano Veio amado, mais novo que eu um ano se foi. 

É lembrança de nossas vidas que se confunde com minha vida inteira.

Perdemos papai bem cedo, eu tinha 14 e ele 12 ou 13. E eu de certa forma tinha ele meio que meu filho. Mas não era apenas assumir autoridade não. Era puro amor mesmo. Se listar todos os momentos em que supus que poderia orientá-lo, certeza que em todos eles tinha vontade de fazer com que ele fosse o mais feliz possível, na medida da minha experiência de vida sem grande repertório. Nossa mãe querida sempre achou que eu fazia bem feito meu papel de autoridade paterna amadora.

O que está sendo  muito difícil é lembrar dele sem chorar.

Seu jeito de fazer as coisas com decisão, rapidez, eficiência, rapidez sempre me encantaram.

Eu pensava que se um dia eu tivesse muito mal, muito caído por coisas tristes da vida, eu iria para perto dele para que ele me desse luz, me desse força e com seu jeito doce me segurasse com sua força e com seu jeito resoluto.

Mas agora não tenho mais ele.

Está quase insuportável pensar em continuar sem ter ele por perto.

O que me mantêm com alguma paz, é saber que a vida toda eu fui capaz de fazê-lo sentir o quanto eu o amava, o quanto  fomos amigos e o quanto a gente foi parceiro a vida toda.

Falávamos que nenhum auditor mágico conseguiria ajustar nossas contas financeiras, do tipo eu te emprestei isso e vc me emprestou isso ..  e quanto dá hoje o saldo? acho que isso diz bem como considerávamos nossas transações financeiras.

Meu Mano Veio querido, eu não sei como vai ser daqui para a frente. Só sei que está doendo demais veio.

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

 VERBETE DA VIDA


O locutor do rádio informa que são 16 horas.

E eu fico pensando em quantas 16 horas de tantos dias da minha vida. E quantas 9, ou 11 ou 22 horas.

Em cada momento estas horas marcavam minha vida.

Hora de levantar, de almoçar, de ir para a escola, de voltar para casa.

E confesso que tenho saudades das horas. Dos dias. 

E até posso concluir que eu gostei da minha vida. Eu sinto saudades de tantas dessas horas. Da hora de voltar para casa, de sair de casa, de estar fora de casa. Sempre tive hora que eu gostei, em todas as fases da vida. Mesmo quando a hora me pressionasse, ou me libertasse de compromissos, ou para um grande momento, ou um momento qualquer.

Uma hora não terei mais horas.

domingo, 6 de setembro de 2020

 VERBETE DA VIDA


Lendo hoje sobre Lacan, fui sendo levado para Lévi-Strauss, depois para o Darwinismo Social, depois para Democracia Social, e pensei que a raça humana ainda vai levar tempo para melhorar minimamente. 

Mas tem sentido. Na verdade, a raça humana é comum. Vulgar. Sem qualquer glamour. 

Inteligência, empatia, conhecimento, não é uma consequência natural. 

E para falar a verdade, nem sei se algum dia vamos chegar em um mundo com a maioria dos humanos, sendo empáticos, valorizando o conhecimento, essas coisas essenciais.

As vezes me dá nojo profundo de gente. 

É só ver quantas pessoas sem máscara nas ruas. 

As vezes dá  nojo.

sábado, 5 de setembro de 2020

 VERBETE DA VIDA

Se eu voltasse minha vida no tempo, eu iria fazer algumas coisas diferentes.

Eu sempre fui considerado gentil e educado. Mas, pensando bem agora, sinto que poderia ter sido mais preciso e detalhista nisso. 

É certo que quase sempre sentia um certo tédio quando conversava. Parecia que nada de importante seria falado. E quase sempre tentava antecipar a conversa, a não ser quando de fato eu sentia que haveria alguma coisa a ser conversada.

E o que me faz lamentar é que mesmo que fosse só bobagem, ainda assim, poderia ser uma chance de perceber atrás da fala, atrás do forma, e eu poderia me enriquecer e quem sabe, ajudar de alguma forma.

Outra coisa que eu mudaria, seria ter mais cuidado com dinheiro. Embora tenha tido uma vida muito difícil, com muitas limitações de recursos, com muitas responsabilidade, acho que se eu fosse mais inflexível. teria organizado melhor;

Com as mulheres eu teria sido  mais ousado, cuidadosamente ousado, queria ter falado que eu gostava delas, que elas eram bonitas, teria me exposto mais, teria corrido mais riscos de ser rejeitado. E deveria olhar mais nos olhos delas, e ter prestado mais atenção nos sorrisos.

Falar agora é fácil mesmo.

Anos de vida e percepções. Anos de informações e vivência.

E se tem uma coisa que eu iria querer mais do que tudo, é ter sabido tudo que eu aprendi até hoje, antes de começar.

Teria sido muito mais fácil?

Quanta insegurança, quanto medo, quanto sobressalto, quanto desafio, tantas coisas.

Mas também, quantas alegrias por ter vencido  o medo, quanta felicidade por ter vencido os desafios, quantas emoções por ter conseguido.

Daqui 200 ou 300 anos, minha existência terá sido tão desnecessária e invisível.

Minha existência não fará a menor diferença. 

Apenas terei desgastado a Terra, e sei lá se a Terra também faz algum sentido.



segunda-feira, 20 de julho de 2020

VERBETE DA VIDA

Parecia que nada fazia muito sentido.
Eu não consegui estudar medicina, e nenhuma faculdade poderia me motivar.
A única coisa que me incomodava era o fato de ser cobrado pelos amigos. 

A sensação de ter que estudar qualquer coisa tão longe do que eu planejara era insuportável.

Via as outras carreiras como uma coisa idiota, sem sentido, sem desafios e sem interesse.

O que me salvou foi ter entrado na área de informática, em concurso interno na empresa.

A partir disso, encontrei uma matéria que me despertou interesse, tanto pelo glamour como pelo salário.

Acabei, por puro acaso, virando profissional de TI. 
Muito menos atraído como se fosse medicina, mas ainda assim atraído.

O mais curioso, é que medicina acho que era mais um símbolo da superação.

Era o impossível que eu assumi como sendo o glorioso passo para que minha genialidade fosse reconhecida pela humanidade.

Seria juntar a ciência com o mundo fora dos padrões que eu conhecia até então.

Mas hoje vejo que  não era  medicina. Era ciência. 
Poderia ser qualquer ciência natural.

Mas eu não tive competência para perceber essas coisas.

Por sorte ainda consegui estudar e trabalhar em alguma coisa atraente intelectualmente. 


quinta-feira, 25 de junho de 2020

VERBETE DA VIDA

Sabe das minhas fantasias sobre morar na praia. Essas coisas bem pequeno burguesa que eu infringi durante minha vida? Quando eu imaginava morar na praia? Ouvindo barulho do mar?

Então, era mais emocionante pensar naquela época da fantasia do que agora.

Muitos anos me separam daqueles tempos.

Seria bom ter a casa naqueles tempos, agora não tanto, ou quase sem sentido.

Como se valesse pontos realizar alguma coisa material.

Como se eu ganhasse pontos com algum arbitro neurótico que valoriza estas bobagens burguesas.

Mas é verdade que se não fosse a casa de frente para o mar teria sido outra bobagem sem sentido qualquer.



quarta-feira, 24 de junho de 2020

VERBETE DA VIDA

Bem tarde da noite, cheguei na sacada do meu apartamento e ouvi o barulho das ondas do mar, logo adiante. 
De frente para a piscina do condomínio, o silêncio, a calma de um fim de dia de outono na ilha em que eu moro.
E lembro que era projeto de, um dia, estar em uma casa parecida como esta em que estou. Nos dias mais pesados para enfrentar a vida, era intenso minha fantasia.

Mas, parece que meu sonho era  mais fantástico do que minha emoção de hoje.
Parece que a esperança era mais forte que a vida real vivida agora.

Esperar seria mais emocionante do que viver a experiência convertida em realidade.

Acho que pode ser que, quando eu sonhava, eu estava em outro contexto. Naquele contexto deveriam ter mais razões para ser feliz nesse terraço perto do mar.


sexta-feira, 12 de junho de 2020

VERBETE DA VIDA

Saco é falar demais.

Hoje fui em um laboratório para fazer alguns exames de rotina.

Quando  estava sendo atendido pela recepcionista, saí com essa pérola de insensibilidade: eu deveria ter vindo antes mas estava com medo de vir ao hospital.

Imbecil e insensível, deixei claro que eu era o bendito privilegiado que poderia escolher fugir do vírus, diferente da moça que provavelmente não poderia. Certamente dependeria do emprego.

Tem hora que eu tenho ódio de não refletir meio minuto antes de falar bobagem.

E é triste ver pessoas tendo que continuarem suas rotinas arriscadas para sobreviver.

E deveria ter sido menos imbecil e insensível.


sexta-feira, 5 de junho de 2020

VERBETE DA VIDA

Sinto um imenso  prazer em ficar vendo câmeras ao vivo de São Paulo.
Praticamente já estive em todos os lugares da cidade.

Meus momentos de office boy, de funcionário do Banespa, dos passeios, das idas aos lugares, das faculdades onde estudei e onde lecionei.

Sinto muitas saudades. Muitas.

Tenho a sensação que minha história foi alterada.

Mas fica muito claro para  mim que, na verdade, o que aconteceu foi que o tempo passou, e todos os momentos que vivi naquela cidade fazem parte de contextos especiais, onde o que mais importava nem era eu ou a cidade, mas as pessoas que existiram comigo naquelas épocas.

Acho que é a sensação do fim se aproximando.
Ter que se conformar é mais difícil do que sentir a dor da saudade.


segunda-feira, 25 de maio de 2020

VERBETE DA VIDA


Hoje soube da morte de uma pessoa conhecida.
Era uma referência da área médica.
Eu o conheci faz uns cinquenta anos. Fui levar minha mãe para ele consultar.

Lembro que sai do consultório com admiração, até misturada com inveja, de respeito, não aquela de raiva pela pessoa.

Teve uma vida  brilhante na área médica, mas com dramas pessoais inacreditáveis na vida familiar.

Senti do mesmo jeito, quando soube das mortes da família de um tio, irmão do meu pai.

Era a família modelo. Pai batalhador, 4 filhos, todos brilhantes e com sucesso profissional e pessoal.
Em três ou quatro anos, todos morreram. Ainda vive apenas um dos meus primos.

Lembro de como eu os admirava.

E de repente, nem o médico que se foi hoje, nem a família do meu tio existem mais.
Serão na melhor das hipóteses referências e lembranças, cada dia mais distantes e fugazes.

Em que se transformou a energia que investiram nos embates da vida?

Alguém ou alguma coisa joga sim, dados com a gente.

Qual a força que produz a motivação para tanta luta?

A crença utilitarista burguesa das vidas de sucesso?

Teria sentido tudo isso? Ou, a vida tem sentido?

Ou sentido é o  mesmo valor utilitarista burguês criado para suportarmos o peso dessa porra chamada vida.



terça-feira, 5 de maio de 2020

VERBETE DA VIDA

Vale a pena envelhecer e sofrer todas as consequências físicas e intelectuais da velhice?
Todas as limitações. Todas as dores. Todas as exclusões. Todos os dias sem possibilidade de fazer planos.

Sem o papo pseudo otimista que sempre valerá a pena ... bla bla bla bla

Viver com dor, com os prazeres reduzidos a alguns momentos dos dias.

E ondo para lugar nenhum, ou melhor, indo para o fim.

segunda-feira, 4 de maio de 2020

VERBETE DA VIDA

Nunca fui muito assustado com a ignorância e estupidez das pessoas.
Na verdade sempre tive certa condescendência, acreditando que limitações intelectuais, falta de informação, de repertório lógico era mais uma questão de falta de oportunidade.

Mas, em tempos de bolsonarismo, acabou minha condescendência.

Ignorância é um mal que se propaga no mundo.

Não sei se tenho mais nojo ou medo de imbecis ignorantes.


sábado, 2 de maio de 2020

VERBETE DA VIDA

Perder amigos para a morte é muito triste.

De repente, pessoas que participaram da nossa vida desaparecem pra sempre.

A vida é fantasia sem sentido mesmo.

Só conta para não sei quem.




sexta-feira, 1 de maio de 2020

VERBETE DA VIDA

Na minha certeza que somos um hardware biológico/bioquímico, que funciona através das sucessivas e múltiplas transformações adaptativas, o que não é nada mais nada menos do que o modelo proposto para o desenvolvimento das espécies, acho que outra coisa que opera nessa história é o prazer.

O prazer constrói os motivos para que aceitemos esse jogo mal explicado de continuarmos vivos.

Encontramos o prazer até na dor, que é a esperança de acabar com ela.
Encontramos no estóico, no masoquista, no psicopata, no cumpridor de obrigações, no ético, no canalha, no maldito e no bendito.

O que move esse ser é o prazer.

Prazer operado nos hormônios e nas fantasias dessa raça sem nenhum sentido.

Inventaram até Deus (em maiuscula porque é um nome próprio, não porque acredito nele) para explicar o inexplicável.

Quem começou essa porra?

terça-feira, 14 de abril de 2020

VERBETE DA VIDA

No começo da epidemia de HIV, com toda a preocupação com contaminação, independente da minha heterossexualidade convicta, pois não estava claro o ainda os vetores de contaminação, estava no Shopping Ibirapuera com a Angela e a Graziella, próximo de uma loja que nem lembro bem qual era. quando vi um rapaz,  fisicamente aparentando o protótipo do contaminado, segundo as mídias.

Magro, com o rosto pálido e bem magro. E aparentava também ser gay.

Na hora tive uma reação assustada, e segurei a mão da Graziella enquanto olhava para ele, incomodado em manter certa distância.

A reação dele até hoje me dói. E a minha me envergonha.

Ele calmamente se afastou, como que referendando minha atitude, e se dirigiu a um espaço vazio, onde um grupo de rapazes, funcionários das lojas do Shopping se dirigiram para abraça-lo.

Certamente sabiam que ele estava doente e demonstraram o carinho e afeto por ele.

Eu fiquei olhando, confesso com medo, mas ao mesmo tempo com vergonha da minha reação.

Até hoje esta cena não sai da minha memória.

Eu queria tanto ter tido uma reação mais civilizada. E pelo menos olhar para ele com simpatia e respeito.

Me odiei até hoje por isso.


segunda-feira, 13 de abril de 2020

VERBETE DA VIDA

A tragédia humana fica muito mais explicita nesta pandemia.

O Estado e a sociedade se surpreendem com a fragilidade das relações.

A ciência mostra caminhos possíveis, e as forças sociais e políticas se  mostram desorganizadas mesmo diante dessa tragédia.

Ou seja, mesmo diante do terror, as forças humanas são incapazes de se ajustarem.

sábado, 11 de abril de 2020

VERBETE DA VIDA

Estudando os conceitos de Inteligência Artificial, cada dia fico mais convencido que no lugar dos dentritos, axonio, terminações biológicas vão entrar os hardwares correspondentes.

Sempre achei também, que existia uma absoluta falta de sentido na experiência de vida na terra.

Inventaram Deus e um punhado de fantasias e ficções para se manterem com energia para continuar vivendo.

Assim como os novos hardwares e processos e algorítimos temos a mesma falta de sentido.

O DNA nos engana com os prazeres mundanos para continuarmos, como sexo, saciar fome, formir, beber, essas coisas.

Para alguns, místicos, o prazer da convivência com alguma divindade oculta, que eles tem o privilégio de manterem relações íntimas.

Dá mais pena que raiva.

quinta-feira, 9 de abril de 2020

VERBETE DA VIDA

O que eu tenho que fazer é sempre lavar as mãos porque o maior problema é levá-la aos olhos, boca ou narinas.
Se ficar próximo de pessoas contaminadas, e elas tossirem ou falarem muito próximas, podem levar os virus até a gente.

Então, devemos fazer duas coisas prioritariamente: nunca levar as mãos ao rosto e nunca ficar próximos de qualquer pessoa, porque elas podem ester infectadas mesmo sem sintomas.

Mesmo que o virus esteja nas superfícies, nas roupas, nas embalagens, se você não levar as mãos ao rosto as chances de contágio são pequenas. E se você usar máscara, terá um escudo físico para evitar receber virus por espirros de pessoas contagiadas.

Ai eu fico pensando nas pessoas que são pressionadas a irem para o trabalho, por medo da demissão, pegando transporte coletivo cheio de gente, muito próximas, em um ambiente fechado.

Estou com nojo da competição ideológica que surgiu na pandemia.

quarta-feira, 8 de abril de 2020

VERBETE DA VIDA

Sensação que estou deixando tudo arrumado para morrer.

Levantando os dados da minha situação financeira e econômica. Fazendo previsões para organizar as coisas materiais. Concluir que as coisas estão bem. Organizadas e fluindo.

Mas para quê?

A pandemia está a minha espreita. E o acompanhamento com a Dra. Aline.  Já deveria ter feito novos exames de sangue e as tomografias. E se apareceu alguma novidade surpreendente.

Que pena. Demorei tanto tempo para chegar neste momento de paz financeira e econômica.

Mas vamos ver como isso vai andar.
Nem otimista nem pessimista. Sem nada como referência para o futuro.


terça-feira, 7 de abril de 2020

VERBETE DA VIDA

Se tem uma coisa que eu gostaria de refazer na minha vida seria ter sido sempre, em qualquer contexto, mais gentil com as pessoas.
Não que eu não tenha sido. Muito pelo contrário.
Sempre fui elogiado pelo meu jeito conciliador e gentil.

Mas, acho que eu deveria ter sido sempre e metodologicamente gentil e delicado todas as vezes, e em qualquer circunstância.

Porque acho que todo mundo é o que é sem culpa.

O idiota é idiota sem culpa.
O fascista é fascista sem culpa.
O canalha é canalha sem culpa.
O pisicopata é psicopata sem culpa.
O bolsominion é bolsominion sem culpa.



sexta-feira, 3 de abril de 2020

VERBETE DA VIDA

Como serão os textos sobre este momento do país daqui alguns anos, ou décadas?

Quais as consequências sociais, epidemiológicas, econômicas, jurídicas e políticas?

É um momento único em termos de eventos desestruturadores.

Qual o tamanho das coisas que ganharemos com isso tudo, ou perderemos.
Qual o tamanho das coisas que perderemos com isso tudo, ou ganharemos.

A tensão nos núcleos familiares com relação ao trabalho e ao futuro.
E sobre os filhos?
As contas de tudo que é cobrado.
E as relações pessoais e afetivas?

Nossa. Parece desafios de um escritor de ficção muito criativo.

quarta-feira, 1 de abril de 2020

VERBETE DA VIDA

Entrei em casa procurando uma fita métrica.

Queria saber exatamente quanto era a sensação de um metro.

Preciso dessa informação para ficar longe das pessoas por um metro.
A moça que veio entregar a torta de maça,  na hora de digitar a senha do cartão, ficou próxima de mim com menos de um metro.
Nós dois estávamos de máscara.

Mas mesmo assim, fiquei tenso de pensar que não segui as regras de cuidados.

Em casa lavei as mãos contando tempo para que durasse mais do que vinte segundos.
Depois tirei a máscara.

E de vez em quando, lembro da distância que eu não cumpri.
Não posso ficar constrangido de tratar a outra pessoa como potencialmente infectada.

Mas enquanto isso durar, todo mundo esteá infectdado.


terça-feira, 31 de março de 2020

VERBETE DA VIDA

Quando jovem, pensar no futuro era quase que imaginar um espaço tão imponderável que mais pareceria um vácuo. Vácuo de emoções, de expectativas, de projetos.

Nada seria problema. Nada acontecerá. Não sentiria dor nem alegria nem tristeza.
Afinal, iria demorar tanto tempo que nem se poderia supor qualquer tipo de vida parecida com o que vivia.

Alguma coisa parecida com um livro de ficção. Sem dor. Sem prazer.

Mas, que nada.

Os dias são os mesmos dos vinte anos.
Os mesmos medos, os mesmos desafios, as mesmas esperanças.
Só mudou o corpo e os limites que o tempo impôs.






segunda-feira, 30 de março de 2020

VERBETE DA VIDA

Sou um dos bilhões ou trilhões de indivíduos que foi formado biologicamente através dos milênios.
Sem mistério, acabei por chegar aqui, desse jeito. Os acasos me formaram.

Muitos indivíduos morreram para que a seleção chegasse até aqui.
Os mais adaptáveis levaram vantagem.

Tinha que ter isso na memória para lembrar todo dia. Isso tinha que ser o ambiente de fundo da consciência. Somos um acaso biológico que não sei bem que sentido tem.

Inventaram tantas coisas para dar sentido a tudo isso.
E eu acho que não tem.

Enquanto isso vamos fantasiando o período que passamos aqui para justificar esse tempo sem sentido.



domingo, 29 de março de 2020

VERBETE DA VIDA

Hoje mamãe faria 103 anos. Nasceu no dia 29 de março de 1917.

Parece incrível que esse dia existiu com pessoas que amei tanto, como minha Vó Pineta.
Como foi o parto? Como foram os dias que se seguiram?
Como minha mãe cresceu, ficou adulta, casou com meu pai e eu nasci?

Sempre todas essas coisas me pareceram ficção.

Quase no início do século. Antes da Primeira Guerra Mundial.

Que saudades minha velha querida.

Te amei e cuidei de você com tanto amor. E isso me faz sentir bem. Me acalma.

sábado, 28 de março de 2020

VERBETE DA VIDA

Ideologizar uma pandemia.
Ir para a praia, sair nas ruas, é um ato político a favor do cara.

Não sei se é só burrice, falta de cultura, falta de vergonha, falta de percepção política, ou o quê mais.

Mas é no mínimo curioso como uma quase que unanimidade mundial é questionada por uma pessoa.

E o que é pior, é que pessoas apóiam essa autoridade.

Por uma questão metodológica, ou esse cara é um gênio ou é o maior idiota da face da terra.

Eu acho que ele é um idiota que se acha ungido da verdade.
E eu acho que o PT é também culpado pelo que estamos vendo.

Esses fdp (do PT) se perderam no poder. Assumiram a liderança das esquerdas e fizeram o pior papel que um grupo pode fazer: roubaram, abandonaram suas posições e valores.
Tenho nojo de petistas e bolsominions.

sexta-feira, 27 de março de 2020

VERBETE DA VIDA

Estou partindo do princípio que todas as pessoas que e vejo estão contaminadas pelo coronavírus.
Estou partindo do princípio que todas as superfícies estão contaminadas.
Estou partindo do princípio que todas as pessoas irão tossir perto de mim.
Como sou idoso, estou partindo do princípio que todas as informações das mídias são para mim.
Eu vou ficar doente, vou para UTI e depois de usar respirador vou morrer.
Acho que se eu sobreviver, só vou ficar acomodado quando descobrirem vacina e eu for vacinado.

Agora, quando penso nas pessoas que eu amo.
Fico com aquele desespero tenso e silencioso.
Que merda tudo isso.

quarta-feira, 25 de março de 2020

VERBETE DA VIDA

Um bom jeito de localizar eventos que ocorreram durante nossa vida, é pensar em uma data qualquer dentro do intervalo de vida, claro, e buscar dados do período.

Pensei em janeiro de 1967.
Aí pensei em alguma data próxima que fosse marcante, como onde estudei, onde trabalhei, onde morei.
Localizei o fim do curso médio em 1965.
Em 1966, entrei na economia do Mackenzie. Nessa época fui promovido no Banco Bandeirantes, que havia comprado o Banco Riachuelo, e virei procurador precocemente, com 20 anos.

Aí lembrei de coisas, como ser calouro no Mackenzie, exercer meu trabalho como procurador no departamento de patrimônio do banco.
Outra lembrança foi ter começado matemática na Faculdade de Moema. Meu Deus como isso estava esquecido.

Na verdade, todas as ações tinham como motivação achar um jeito de continuar ganhando dinheiro para cuidar da casa, e poder estudar medicina.

Hoje percebo que eu na verdade via na medicina uma superação enorme. Eu queria a ciência.






segunda-feira, 23 de março de 2020

VERBETE DA VIDA

Será que ter a consciência permanente que vamos morrer, ajuda a envelhecer?
Será que se fizermos isso, da consciência permanente da morte, vamos ver o sentido da vida mais claramente?

Porque a vida parece tão cheia de espaços temporais vazios, que parecem ter anos de lapso.
Como eu queria ter memória para guardar mais coisas da vida que levei.

Por exemplo, no ano de 1964 em maio o que eu fazia? Como eram meus dias?
Acho que morava na Baixada do Glicério, estudava no Paulistano, acho que terceiro científico.
Trabalhava no Banco Riachuelo, na Rua do Tesouro 39, ou 41?

Pensava em estudar medicina.

Lembro de sair da escola e caminhar com o Mario até a Praça João Mendes. Ele seguia para pegar o ônibus para Guarulhos, na Praça Clóvis Bevilaqua.
Lembro que nas sextas a gente parava para comer um pedaço de pizza em um bar da Avenida Liberdade. Lembro do Plinio, um japonês que adorava bolero e tinha um caderno com as letras de todos os boleros gravados até então. Lembro do Silvio Nicola Fazenda, com quem estudava em casa para o vestibular de medicina, doMiguel, do João Carlos.

Lembro que inauguramos o Objetivo, na Praça da Liberdade. A famigerada sala 5M que foi extinta.
Tive aula com o Drauzio Varella, com o Roger Patti, com o Setsuo, com o Sales.

Acho que nunca tive tanta consciência da minha classe social como nessa época.
Eu trabalhava e meus colegas de cursinho, da classe média e alta me faziam sentir um deslocado infeliz e pobre. Tive que parar porque não tinha dinheiro para pagar.

E não é que se fizer um esforço dá para recuperar coisas aparentemente perdida no tempo?

No ano seguinte, 1965, eu comecei estudar no
VERBETE DA VIDA

Sempre penso em São Paulo.
Sinto tantas saudades que até incomoda.
Mas, pensando mais cuidadosamente, acho que sinto falta não só da cidade.
Sinto falta dos meus dias, naqueles dias, com as pessoas, aquelas pessoas.

Se eu voltasse agora para lá, certamente sentiria saudades imensas das pessoas que compuseram meu contexto.

De que adiantaria se, quando eu chegasse a noite da faculdade, a Angela não estaria lá me esperando?
E nos tempos da Graziella, antes dela mudar,  quando ouvia o barulho do carro dela, chegando e estacionando.

Quando eu  manifesto saudades de São Paulo, é na verdade saudades dos meus dias lá vividos, e com as pessoas que lá viviam comigo.


sábado, 21 de março de 2020

VERBETE DA VIDA

Sinto tantas saudades de São Paulo.

Me vejo e me sinto nos momentos vividos mais prosaicos por lá.
Como estar esperando ônibus, estar chegando em casa, estar indo buscar pizza na esquina, ou comida árabe, ir até o clube jogar tênis, encontrar com amigos e tomar uma cerveja, ir e voltar do trabalho. Isso sem falar nos tempos da Graziella menor, estudando no Emily, quando eu ia buscá-la, e escapar no McDonald para comer hamburguer.

Amo tudo naquela cidade.

Dos tempos de office boy, passando pelos tempos de cursinho, faculdade, saída com amigos Os tempos das aulas. Os tempos do Banespa, no Nasbe.

Dá aquela sensação que iria encontrar meus amigos nos mesmos lugares, se eu andasse por lá.

Chegar em casa e encontrar a Angela, conversarmos e pensarmos no jantar.

Não sei se sinto saudades dos meus dias ou da cidade.

sexta-feira, 20 de março de 2020

VERBETE DA VIDA

Um documentário sobre consciência, afetividade e valores, me mostrou alguma informação interessante.
A consciência e a afetividade não tem algum órgão no corpo humano onde ela acontece.
Não tem um órgão que execute estas funções, como tem o fígado, o coração, os rins.
A memória seria o órgão suporte.
A memória, armazena e ordena o registro dos eventos da vida.
Ao armazenar e ordenar no tempo, ela acaba por categorizar estes eventos, e consequentemente, classificá-los como bons ou não bons.

No tempo, os registros na memória são comparados entre si. Aqueles que produziram vantagens competitivas para a espécie, recebem avaliação positiva, e os que não recebem, pelo contrário, recebem negativa.

Assim, suspeito, se formam a consciência, os valores, e a afetividade.

Sempre, ocorrendo a partir das experiências de vida, logo, da sua cultura.


quinta-feira, 19 de março de 2020

VERBETE DA VIDA

Teve um tempo que 1984, por conta do livro, me parecia uma data muito, mas muito distante mesmo.
Teve um tempo que 2000 era o futuro distante e nebuloso, cheio de riscos e previsões.
Teve um tempo que 2016 era quase que uma data limite para estar vivo, por conta de um cálculo atuarial relacionado à aposentadoria.

Estou em 2020 e continuo achando que 2030 é quase o limite do mundo.

Pensei que neste ano, já estaria em uma nebulosa mental sem qualquer controle sobre minha vida e meu tempo.

Mas, que engraçado, parece que estou em 1960.


VERBETE DA VIDA

Tão mais fácil sentir afeto por quem tem valores iguais aos nossos.
Isso é preconceito ou inevitável afinidade? Não sei dizer.

Sempre penso em pessoas com quem convivi, e fica sempre a sensação que melhores amigos são pessoas com valores próximos. E além de valores, proximidades, em geral.

Proximidade de lugares, de contextos, de time de futebol, de expectativas de vida, de projetos.
Isso acabou me incomodando.
Quer dizer que eu só gosto de pessoas que se parecem comigo?

Quero estar atento. Quero ter certeza que sinto assim. E tentar entender sob o ponto de vista antropológico. Faz sentido.


terça-feira, 17 de março de 2020

VERBETE DA VIDA

Não gosto de partidas das pessoas. Mas gosto das minhas partidas.
Quando partem eu me sinto como se quem partiu foi para um lugar sempre melhor.
Viagem é, viajar e voltar para meu lugar.
Não sei o que me deixa mais feliz.

Tenho no melhor lugar das minhas memórias as viagens que fiz de carro com minha família.
Estar em uma auto estrada em um quase fim de dia me emociona sempre.

E quando estou voltando ou indo para encontrar alguém que amo, fico no meu estado de máxima felicidade.

Não viajei muito na vida.
Deveria ter viajado mais. Ter visto outros lugares e outras pessoas.
Mas, sempre sem muito dinheiro e pressionado por ter que estar sempre pronto para interferir em alguma coisa que pode estar dando errado com as pessoas que assumi os cuidados ....

Gosto da ideia de ver cidades e pessoas com suas rotinas.

As vezes, viajando de carro, passo por algum povoado ou cidade e vejo pessoas no seu dia a dia, e dá uma vontade de saber de qual rua eles vieram, para qual rua irão, quando ganham, o que vão fazer no próximo sábado, essas coisas. E até como seria minha vida se morasse ali. Quais seriam meus valores, minhas responsabilidades, meus amigos, amores, se eu tivesse nascido ali.




quarta-feira, 11 de março de 2020

VERBETE DA VIDA

Eu sempre achei que pessoas com preocupação social são pessoas melhores.
Mais solidárias, generosas, com melhor empatia. E sempre associei esta preocupação com a esquerda política.

Outra referência política, que geralmente orienta meu valores, é que pessoas que respeitam opiniões de outras  pessoas, são democráticas, que estabelecem relações abertas e respeitosas com o contraditório.

São meus valores, ter preocupação social, valorizar empatia, respeitar posições e acreditar em valores democráticos.

Não gosto de pessoas que são individualistas. Que se resolvidos seus problemas, o resto que procure encontre suas saídas.

Tenho a impressão que com as mudanças na economia mundial, quanto à produção e a
 distribuição de renda, com o trabalho, o capital e o poder, que as relações contemporâneas serão amplamente reconfiguradas.






segunda-feira, 9 de março de 2020

VERBETE DA VIDA

A vida é um punhado de dias.
Se tivesse gravado todos eles teríamos uma percepção da vida mais precisa.
Consultar o dia 9 de março de 1979.
O que eu teria feito. Onde eu teria passado a maior parte desse dia.
Vamos tentar ver o que podemos lembrar dele.
Morava na Rua Cardoso de Almeida. Estava casado a três anos.
Acho que estava indo para a área de processamento de dados do banco.
Havia feito concurso para a Informática do banco.

Mas é só até aí que consigo lembrar.
Seria tão bom lembrar coisas como, a hora que eu levantei, que roupa usei, o que fiz pela manhã, pela tarde, o que almocei e jantei. Ah, olhei no Google e vi que era uma sexta feira.
Deveria ter alguma coisa me entusiasmando mais por conta do dia da semana.

Se eu tivesse guardados meus extratos bancários teria visto que cheques emiti, e para quem.
Se eu tivesse registrado em alguma agenda algum compromisso também poderia ter visto  mais informações.

Mas, de verdade mesmo, eu queria era voltar para esse dia.
Será que teria feito alguma coisa diferente ou não.
Será que eu saberia aproveitar ou não.

Mas será que eu levaria todas as experiências que vivi desde aquele dia até hoje?
A  sensação que tenho é que teria sido muito interessante aproveitar as vivências de anos, desde o dia 9 de março de 1979 até hoje.

E quantos dias se foram. E quantos momentos se foram.
E quantas pessoas se foram.




terça-feira, 3 de março de 2020

VERBETE DA VIDA

Os símbolos e os caminhos.
A noite, saindo da faculdade onde dava aulas de Tecnologias para turmas de pós graduação, passei em frente ao clube esportivo, importante na zona sul  de São Paulo, onde era diretor.
Morando em um bairro elegante, de classe média alta. Estava no meu carro elegante.

Curioso que seriam indicadores que me fariam feliz, olhados de anos atrás. Nos tempos de Baixada do Glicério.

Mas hoje perderam o glamour.








segunda-feira, 2 de março de 2020

VERBETE DA VIDA

Escrever estes verbetes  é um  jeito de registrar.

Sem qualquer interesse literário, filosófico, existencial.

Apenas contar algumas coisas da minha vida.
Dizer coisas que nunca disse.

Como se estivesse conversando com alguém e falando de alguma coisa bem prosaica que aconteceu ou que eu senti.


VERBETE DA VIDA

Tenho tido tantas saudades de tempos passados.
Nem precisaria serem tempos especiais. Qualquer tempo.
Qualquer lugar, qualquer situação, qualquer momento.

As vezes sinto saudades de estar andando por determinada rua. Nada de especial nela. Nada de marcante. Só estar na rua.
Sem saber para onde estava indo, no que tinha que fazer.
Apenas estar existindo naquela rua.

Que saudade.
VERBETE DA VIDA

As vezes penso em algum momento passado da minha vida, e vem a sensação que estaria do mesmo jeito. Como antes.
Como se eu agora, fosse até lá, e encontrasse todo mundo no mesmo lugar.
Penso que se eu chegasse agora na faculdade, encontraria toda a turma. A mesma sala. Os mesmos professores.
E quando fosse chegando perto da escola, já encontrando algum colega no caminho, e já ir falando de alguma coisa com relação ao trabalho que não fizemos, ou da prova. Essas coisas.

E quando entrasse, já ir dando a mão para os colegas da turma, batendo no ombro, dando os beijos no rosto das colegas, como se não nos víssemos a meses.
E estariam todos lá. Mesmos jeitos de vestir, mesmas vozes, mesmos corpos, mesmas alegrias.

De certa forma isso vale para todos os ambientes de nossas vidas.

O lugar do trabalho, os amigos da rua, a casa da tia, da avó, dos pais.

Os encontros de turmas antigas amigas tem sido mais melancólicos do que alegres.
Dá uma sensação de estarmos vivendo uma caricatura dos nossos velhos dias.
VERBETE DA VIDA

Eu queria muito poder fazer planejamento financeiro.
Mas, nunca consegui.
Fácil saber porque. Sempre tive que pagar mais do que ganhava. Ajustava parcialmente minha contas em épocas especiais, como do 13 ou das gratificações ou das férias.

E nem posso fazer auto crítica porque eu não poderia mesmo conseguir.
Sempre muita gente para sustentar, literalmente.

Até ganhava bem. Mas as 13 ou 15 almas que eu tinha que manter destruíam qualquer tentativa de organização.

Minha casa, casa da mamãe, casa do primo e seus filhos.
Custos de habitação, alimentação, saúde, e no caso da mamãe plano de saúde também.

Portanto, eu não poderia tratar minhas finanças no regime de orçamento, mas sim no de caixa.
Ou seja, atendia às demandas conforme surgissem. E tinham muitas durante a semana, os meses.

E a armadilha era armada de forma a não dar mesmo jeito de ajustar os custos em relação às receitas.

Não sei como eu consegui.



























quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

VERBETE DA VIDA

O caminho para a Academia foi trabalhoso mas não foi tenso.

Quando comecei a dar aulas em Universidades, percebi a necessidade do mestrado.

Acho que devo ter traços de vaidade no meu caráter, o que me ajudou no projeto.
Mas desde os primeiros dias em sala de aula, passando pelo mestrado, qualificação, experiência acadêmica, foi bem legal. Muito legal.

Ser considerado um bom professor, ser escolhido coordenações, ser patrono de turmas, foi tudo muito bom.

Sair da faculdade a noite, depois de ter dado as aulas, e voltar para casa dirigindo me dava um imenso prazer.
Ter nota máxima, a única do programa até então, foi estimulante.


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

VERBETE DA VIDA

Minha mãe.

Forte, decidida, generosa, lutadora, as vezes emocional demais.
Segurou tanta barra na vida.
Papai doente desde cedo, meu tio que morava conosco e era um imenso problema. Embriagado sempre. A chegada das noites eram desesperadoras, porque ele chegaria bêbado e colocava toda a casa tensa. Foram anos assim. Acho que toda adolescência.

Mamãe se justificava dizendo que havia prometido para minha avó cuidar dos filhos desse tio.
E junte-se a isso os custos.
Os únicos valores significativos da renda familiar eram os dela, minha mãe, do meu irmão e o meu.
Eu ganhava muito bem pela minha idade.

O sonho do meu pai era separarmos as casas.
Minha mãe e meu pai e eu e meu irmão irmos para um lugar e deixar meu tio com meus dois primos se virarem.
Porém, para ela isso era inadmissível.

E era um saco viver assim.

Isso só se resolveu depois que meu pai morreu, e eu aluguei em meu nome, um apartamento para meu tio e meu primo morarem. Minha prima já havia se casado.

Nessa mesma época, eu usei indenização do Banco Bandeirantes, e dei entrada na casa que comprei para ela.

Ai a vida correu melhor, tirando ter que pagar os aluguéis da dupla tio e primo, que não eram pagos.

Mas, passados anos, e cobrindo os furos financeiros do tio e do Jaiminho, meu primo maluco, me tio Jayme procurou ajuda e parou de beber. E foi durante anos a pessoa que me ajudou a cuidar da minha mãe.

Nessa época, eu alugava uma casa para o primo maluco e comprei um terreno, e ajudei a construir uma casa.

Deram muito trabalho os caras.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

VERBETE DA VIDA

Como é difícil falar das pessoas que amo tanto.

Parece que qualquer que seja o texto, qualquer que seja a precisão, inspiração, verdade que eu possa expressar, ainda assim não dará conta de dizer o que eu sinto.

Não é desatenção queridos, é impotência literária mesmo.

Angela, Graziella, Jefferson, sobrinhos queridos, e amigos queridos.
VERBETE DA VIDA

Minhas convicções que somos algorítimos bioquímicos em um ambiente que opera conforme algorítimo que poderíamos chamar de sócio ambiental cada dia se acentuam mais e mais.
Com base nessas convicções, passo a não aceitar os conceitos de individualidade, de generosidade, de afetividade, de solidariedade como alguma coisa de dentro das pessoas, mas sim de alguma aleatoriedade determinada pelos algorítimos.

Partindo dai, não acredito no grande homem, no grande atleta, no grande cientista ou no grande artista.

Todos são acasos positivos das relações de algorítimos que foram aleatoriamente bem sucedidos.

Sei que isso acaba com as ideias de destino, de pessoas mais ou menos esforçadas e brilhantes.

Deus então nem se fala.

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

VERBETE DA VIDA

Intervalo entre abandonar a ideia de ser cientista e começar a carreira em TI foi período crítico da minha vida.
Quando percebi que ficava cada vez mais difícil o caminho da pesquisa e da ciência, deu sensação de decadência intelectual.
Curiosamente nessa fase eu escolhi caminhos brandos e bem mais fáceis de seguir.
Conheci a Angela e pensei em me casar pela primeira vez. E me casei.
Fui resgatado pela entrada na área de TI após concurso. E já casado.
Foi um momento de pelo menos, me sentir integrado de alguma forma a um modelo mais interessante de jeito de trabalhar. O caminho era a tecnologia de computação. E nem se antevia o poder que tem hoje.
E foram anos bons.
Morávamos nas Perdizes, na Cardoso de Almeida. Ter saído da Baixado do Glicério e estar morando ali era empolgante.
A Angela ficou grávida e tivemos a Graziella.
E eu trabalhava em TI.
Foi uma mudança crucial na minha vida.

sábado, 4 de janeiro de 2020

VERBETE DA VIDA

Sou, um hardware biológico movido a processos bioquímicos.
Dos afetos, até os desejos, só processos bioquímicos,
Consequência disso que chamamos de viver.
Portanto viver é um punhado de processos bioquímicos, acontecendo em um objeto chamado corpo que se formou através de muito tempo. Aleatoriamente.
Estes corpos bioquímicos interagem com outros corpos e com os espaços exteriores, e desenvolvem ao acaso desejos, hábitos, memórias, seguindo algorítimos que chamam de cultura.
Cada corpo é isso.
Estes corpos existem apenas dentro dos limites dos registros incorporados por cada um deles.
Não tem nada além disso.
Cada corpo é apenas resultado das operações da biologia, da química, do que chamam cultura.
Não existe alguém, não existe nada além de hardware movimentado por processos bioquímicos.
Vida é  alguma coisa que acontece e que não adianta querer entender.


sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

VERBETE DA VIDA

Certo arrojo.
Sempre dei passo maior que a perna.
E daria de novo.
Não era passo aleatório e sem fundamento.
Corria risco calculado. Acho que aprendi a me relacionar com dinheiro de um jeito invertido.
Acabei tendo um patrimônio incompatível com minha história financeira.
Para melhor.

VERBETE DA VIDA

Sempre ganhei bem na vida.
Mas sempre tive que pagar para outras pessoas viverem.
Lembro que já vivi anos pedindo dinheiro emprestado para colegas e amigos.
Lembro que devia ser comentado como sendo o chato e desequilibrado.
De bom é que nunca deixei de pagar na data combinada. Era um jeito de manter a credibilidade.
Desesperador chegar domingo a noite e saber que teria que pedir dinheiro por conta dos cheques emitidos no fim de semana.
E não adiantava falar não.
Havia uma certa soltura.
E eu acabava indo nessa também.
E já ia pensando para qual amigo pedir na segunda feira.
E tinha sempre muita gente para cuidar.
Teve época que chegava a 11 pessoas. Três casas. Compra do mês, remédios. Lazer.
Eu realmente ganhava bem.

VERBETE DA VIDA

Coisa difícil é não entenderem motivações mais intimas e honestas.
Mas acho que é o natural nas pessoas.
Geralmente tendem a verem as coisas do jeito mais apropriado ao que pensam.
E a pior hora desse momento é quando se tenta explicar.
Colocar em palavras essas coisas tão subjetivas e intangíveis.
Coisas que necessitam de sintonia e de alguma entrega para serem compreendidas.
E se gagueja e se perde e se abate.
E é difícil manter o equilíbrio nessas horas de desajustamentos.
Dá a impressão que são desajustes pra sempre.

VERBETE DA VIDA
Essas datas que todo mundo viaja deixa quem fica angustiado.
Quando se aproximam vai dando uma sensação de abandono e de barrado na festa.
Para todo lado que olhamos dá a impressão que todo mundo esteá combinando a festa, menos a gente.
Lembro da cidade de São Paulo na "virada do século".
Vazia.
A gente só vai melhorando dias depois, quando a televisão vai informando que o trânsito para voltar está ficando congestionado.
Ai sim a gente se percebe parte da cidade. Que alívio.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

VERBETE DA VIDA

Quando minha filha nasceu, fiquei anormalmente ansioso para comprar uma casa.
Não que não tenha pensado nisso antes. Mas o nascimento me fez catalisar o sentimento.
Tinha o modelo ideal na cabeça, que seria comprar a casa, que pudesse ter espaço para minha mãe morar com a gente. Coisa que já havia combinado com a Angela. Antes de casar.
Todas as vantagens em um lugar só.
E consegui.
Comprei casa no Parque São Domingos, construí no espaço um apartamento para minha mãe, e a casa era bem interessante.
O processo de compra e construção teve certa dramaticidade.
Como sempre, estava endividado e sem dinheiro para fazer acontecer o projeto.
Pedi ao Jeff para fazer uma boa compra na cooperativa do BB, para que eu pudesse usar o dinheiro da alimentação, na construção do apartamento para a mamãe.
O trágico é que meu irmão começou a viver um drama com sua mulher: ela ficou muito doente, e faltou o dinheiro que foi descontado no seu salário, por conta das minhas compras na cooperativa.
Eu procurei empréstimo em todos os lugares que pude.
Lembro um momento desesperador.
Ele havia comprado um telefone, e não conseguiu pagar.
Eu disse que iria tentar pagar. E não consegui.
Uma noite, bem tarde, liguei para ele. E  não atenderam. Entendi que haviam retirado o telefone.
Na época, a Vania, mulher de meu irmão hospitalizada, em estado grave, minha sobrinha Bianca cuidada por outras pessoas.
Pedi para a Angela para que a Bia ficasse em casa.
Ela ficou um tempo. E um dia quando cheguei em casa, fiquei sabendo que a Angela havia ligado para meu irmão, pedindo que ele viesse buscar minha sobrinha. Ela disse que tinha suas razões.
Foi um dos dias que fiquei mais triste na minha vida. Até hoje me sinto mal quando lembro.
Fico pensando no estado de espirito do meu irmão, tentando encontrar alguém para ficar com sua filha. E eu desapontado e arrasado.
Em uma tarde daqueles dias, lembro que ficamos sentados no carro, em frente a Beneficiência Portuguesa em São Paulo, sem falar, enquanto esperávamos alguma melhora da Vania.
E nessa época, minha mãe não tinha ficado morando no apartamento que construí.
Um dia cheguei em casa, e minha mãe e a Angela haviam resolvido que não iria dar certo o modelo que pensei.
Minha mãe disse que iria ficar um tempo em Uberaba, na casa de amigos. Da Amália.
Era muito desesperador tudo isso.
Esse momento da minha vida me deixa abatido, triste, sem forças, até hoje.
Geralmente sinto vontade de chorar.
Só para completar o período trágico.
Um dia nossa amiga Amália liga de Uberaba pedindo para eu ir buscar a mamãe em Uberaba.
Nossa amiga foi importante nessa fase horrível. Não sei se conseguiríamos ter que resolver um lugar para minha mãe morar, com todos os problemas acontecendo juntos.
Neste momento entra o meu primo Jaiminho na história.
Minha mãe não poderia morar sozinha. Vestígios da doença já estavam bem presentes nela.
Ai aluguei uma casa próxima da minha, trouxe meu primo para morar com ela, no Parque São Domingos.
Claro que não deu certo.
Importante lembrar que eu passava todos os dias na casa deles. Levava alimentos e remédios, e pagava todas as contas.
Um dia recebo um telefonema do pai do Jaiminho aos gritos dizendo que minha mãe tinha se sentido abandonada.
Eu havia ficado dois dias sem eu passar na casa da dona Juracy, e provavelmente, ela havia se vitimizado no estado mais devastador possível.
Em outro tópico eu falo da época, anos antes destes fatos, que esse tio morava em minha casa, com o filho, meu primo.
E nas vezes que tive que arrumar casa e depois ter que pagar. Pai e filho sempre foram aberrações humanas.
Eu havia construído uma casa, depois alugado outra, quando inclusive pagava alimentação e todos os custos para a família do filho desse meu tio.
Bem, pelo menos, minha mãe ficou morando com esse meu tio.
Ai eu aluguei um apartamento para ela morar, no mesmo prédio que o do tio morava.
E enquanto isso, pagava aluguel e comprava alimentos para o Jaiminho, e para  minha mãe também.
Importante notar que enquanto isso eu tinha que trabalhar, e muito, em horários especiais. Inclusive madrugada.
Não sei como suportei tudo isso.
O que me dava força era a estrutura da minha casa. A Angela dava esse suporte.
Minha mãe passava mal muitas vezes e eu saia correndo do trabalho para levá-la ao hospital.
E essa rotina continuou por muito tempo.
Mas ai aconteceu um milagre.
Depois falo dele.










sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

VERBETE DA VIDA

Sempre gostei da semana entre Natal e Ano Novo.
Sempre senti um tempo solto no tempo e  na vida.
Dá a sensação que é um lapso de tempo fora do ano.
E como tudo que dá prazer, na mesma intensidade dá angustia conforme vai passando.
Sabe quando você está em uma festa e olha no relógio e vê que já passou 3 horas. Agora só vai ter mais duas horas de festa.
Tudo isso porque é chato fim de festa. Fim da semana entre Natal e Ano Novo. Fim de  viagem. Fim de vida.
Algumas vezes em que fui em sepultamento de pessoas amigas, enquanto saia do cemitério, eu me sentia como no baile que estava para terminar em duas horas.
Quanto tempo de baile ainda teria.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

VERBETE DA VIDA

Eu não presto muita atenção nos dias do mês, da semana ou do ano.
O que me mantem ligado ao tempo e espaço são os vencimentos das contas.
É assustador que o tempo avance sem pena.
De repente, ficamos velhos.
Eu sempre pensei que isso iria demorar bem mais para chegar.
Curioso é que eu não sinto isso na cabeça. O corpo dá alguns sinais mas nada muito intenso.
Eu lembro de como via a velhice.
Uma vez, eu devia ter uns 25 anos, e em um sábado a noite, de verão, cheio de promessas, passei na casa dos pais do meu amigo Mario.
Amigos dos pais do meu amigo estavam sentados em cadeiras na frente da casa deles.
Eram 4 senhores. Conversando e rindo bastante.
E eu pensei: se eu tiver uma idade como a deles, eu não sobreviveria de angustia.
E eu estou mais velho que eles agora.
Não sei se me engano dizendo que me sinto diferente do que imagino que eles sentiam, os senhores sentados na frente da casa, mas acho que me sinto mesmo.


domingo, 22 de dezembro de 2019

VERBETE DA VIDA

Muita raiva da esquerda neste país.
O discurso é raso e vazio. Na verdade acho que não tem projeto algum.
Quando eu falo em esquerda, penso em ideologia, em estabelecer forma de governo com determinados princípios que priorize o trabalho, e menos o capital.
Mas como fazer isso?
Como fazer alguma coisa sem capital?
Produzindo uma ditadura do proletariado e planificando a produção e distribuição dos bens?
Acho que se tem uma coisa que está bem provado no mundo é que isso não funciona.
Seria um sonho poder viver em uma sociedade que conseguisse essa magia. Mas essa sociedade ainda não existe.
O caminho seria a social democracia, (como na terra do Klopp) dando liberdade para o capital produtivo privado trabalhar, e ao mesmo tempo cobrando impostos, para devolver à força de trabalho, parte da renda na forma de educação, saúde e segurança. Uma distribuição de renda mais igualitária é a força das economias mais capazes e organizadas do mundo.
Vejo grupos da esquerda com discursos divergentes e até conflitantes.
Vejo em grupos da direita um discurso mais unificado. Mais simples e objetivo.
O que não quer dizer que aceite as opiniões superficiais, quase imbecis de gente tosca em economia e política pregando a saída do Estado de todas as atividades econômicas e sociais.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

VERBETE DA VIDA

Eu adoro guiar em estradas.
700 ou 800 quilômetros em um dia é fácil.
E é bom chegar em algum lugar.
Chegar em um hotel, colocar as coisas no lugar e sair para jantar em um restaurante que pode ser surpreendente.
E depois, voltar e se deitar.
Acho bom voltar para casa também.
O que eu gosto nas estradas é o cumprir uma jornada, de certa forma um trabalho, com paisagem, silêncio, pensamento solto, sem compromissos mais sofisticados.
Só acelerar, cuidar da direção, e chegar em algum destino.
VERBETE DA VIDA

Acho que os sapiens tem um ponto de viragem, um ponto de mutação.
Será quando todos eles, implementarem um algoritmo que faça com que saibam se colocar no lugar do outro, ou dos outros.
Já pensaram no círculo virtuoso, de todo mundo olhar para o outro e entender os problemas que o outro esteja vivendo, e se colocar a disposição para ajudar?
Acabariam as religiões, os livros de auto-ajuda, os psicólogos e psiquiatras.
Acabariam os poetas, os escritores, os dramaturgos, o teatro e até a Internet eu acho.
Será que ficaria chato?
VERBETE DA VIDA

Depois de um tempo vivendo, aqui como homo sapiens, tenho algumas observações.
Vivi experiências básicas, de certa forma bem sucedidas. Se considerar meu momento e espaços iniciais, dá para ver que andei. Teoricamente fui pra frente, se bem que estes referenciais são sempre possíveis de questionamentos.
Mas, acho que aproveitei a experiência.
Fui um observador interessado da  vida e das pessoas.
Na maior parte do tempo, achei que daria para pensar em uma vida em que todo mundo pudesse usufruir de liberdade, afeição, oportunidade de desenvolver potenciais. Essas coisas idealizadas.
Mas agora estou tendo quase a certeza que somos apenas um hardware desenvolvido pelo acaso, movido a algoritmos desenvolvidos por algumas imposições bioquímicas, e comportamentos desenvolvidos pela interação do hardware, algoritmos de todos os sapiens da história.
Nunca pensei que pudesse ter que ter um sentido para a vida.
Acho mais que foi tudo tão aleatório o tempo todo, que só mesmo a fantasia dos humanos para criar os modelos para as outras vidas. Até que eu gostaria que tivesse Deus mesmo. Acho que ele  me daria nota 8,5. Daria para passar. Talvez um período de revisão em alguns conceitos que eu não fui tão bom, como ter compaixão com os ignorantes.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

VERBETE DA VIDA

Quando vou a São Paulo, arrumo algum motivo para caminhar pelo centro velho da cidade.
E em cada passo, me emociono.
Um dia precisava ir até a Rua Alvaro de Carvalho, mas deixei o carro em uma garagem perto da Praça da Sé;
Era uma tarde ensolarada.
Me vi office boy caminhando pelas ruas XV de Novembro, Boa Vista, Alvares Penteado e tentando lembrar dos bancos que eu "fazia" quase todas as tardes.
Primeiro tinha que visar os cheques. Depois ia até os bancos, pegava uma senha, esperava ser chamado e pagava o título.
As vezes tinha que ir até a prefeitura no fim da Florêncio de Abreu, para entregar ou buscar algum documento ou certidão.
No fim da tarde, voltava para o escritório, que ficava na Rua 7 de Abril, 404, e depois foi para a mesma rua no 127.
Organizava os documentos, prestava contas dos pagamentos.
E então ia tomar o lanche.
O pão doce com goiabada mais delicioso do mundo. E uma média.
Era meu nirvana.
E depois, caminhava da 7 de Abril, quase esquina com a Praça da República, até a Rua Oiapoque, na 30 de Outubro.
E algumas vezes comia um misto quente e uma cerejinha. Devia ter uns 13 anos.
Caminhando pelo centro velho de S.Paulo, e atravessando o Viaduto do Chá, passando em frente ao Mappin e ao prédio da Light. Entrava na Barão de Itapetininga, chegava na Praça da República.
Na praça olhava a esquina com a São Luis, o edifício Itália, em frente a agência S.Luiz do Banespa.
Fazia força para não chorar de saudades.
Dava a sensação que encontraria alguma colega andando por lá.
Parecia tão certo que se eu fosse na agência iria encontrar o Lemos, o Ney, a Ruthinha, o Camilo, o Nilson.
Quanta energia e esperança.
Se eu soubesse que no fim iria acabar tudo bem, não teria me incomodado nem sofrido as dúvidas e tensões que sofri.

domingo, 15 de dezembro de 2019

VERBETE DA VIDA

Trabalhava na Pavimentadora Vicente Matheus na época que o Morumbi foi inaugurado.
Um dia seu Vicente me deu um convite para assistir a um jogo no estádio. E deu outro para o Alberto, que era o outro office boy da firma.
E lá fomos nós.
Não tínhamos roupas esportivas e só faltou irmos de gravata.
E ficamos em cadeiras especiais, junto com algumas celebridades.
Ir e voltar do estádio foi muito difícil.
Dinheiro contado para o ônibus, sem dinheiro para comer alguma coisa.
Cheguei em casa quase 11 da noite. Mamãe já estava muito preocupada com minha demora.
Mas foi interessante.
Curioso lembrar do estádio ainda em construção.
A arquibancada que fica em frente às câmaras de TV não existiam ainda.


VERBETE DA VIDA

Como eu era intelectualmente em fases distintas da minha vida?
Com 10 anos, com 17, com 29 ou 35, ou ainda com 45?
Eu lia Sartre com 15 anos. Lia Dostoievsk aos 16, e outros clássicos.
Estudava muito, e gostava. Lembro das apostilas com exercícios de física que eu curtia resolver.
Lembro de ter feito um projeto para reduzir os custos de manutenção no banco que trabalhava.
E lembro até hoje do relatório demonstrando os resultados para a gerência. Tinha 21 anos.
Em contrapartida lembro da dificuldade em me relacionar com as moças. Mesmo tendo sido seduzido pela vizinha de 29 quando eu tinha 16 anos. Eu era muito chato.
Acho que pela insegurança de ter 1.87 e pesar 59 quilos. Eu era muito magro. Sofri booling na minha adolescência inteira.
O ponto de virada foi quando entrei no Banespa e fiquei quase dois meses esperando ser chamado para assumir a vaga.
Engordei 15 quilos. Ai parei de chamar a atenção pela magreza e passei a ser olhado na rua como um rapaz bonito. Lembro que certa vez passei um tempo na praia e quando voltei, devia estar chamando muito a atenção: de repente todo mundo dizia que eu era lindo.
Ai, o que era um peso sair na rua, virou prazer.
Acho até que fiquei muito vaidoso com isso.
Nessa época, passei a frequentar um clube, o Banespa, que fazia parte das vantagens por estar trabalhando no banco. Jamais em outra circunstancia poderia imaginar frequentar um espaço destes.
Dá para imaginar minha autoestima na época. Trabalhando em um emprego que busquei, ganhando bem, comprei casa para minha mãe, engordei, e diziam que eu era muito bonito.
Faltava trabalhar de madrugada para estudar medicina, ou melhor, estudar na Pinheiros.
Entrei em uma USP mas não dava para trabalhar de madrugada em S.Paulo, ajudar a manter a família e estudar em Botucatu.
Acabei mudando de área.
Hoje eu sinto que o que eu queria não era estudar medicina e ser medico.
Eu queria pesquisar ciência natural. Fui fazer química  pensando nisso, mas acabei por acaso em TI.


sábado, 14 de dezembro de 2019

VERBETE DA VIDA

Quando íamos para Uberaba de trem, pela Mogiana, tínhamos que ir até Campinas, pela Paulista.
Era uma das coisas mais desesperadoras, dentro das minhas deliciosas viagens para passar férias na casa da Vó Dita.
Saíamos da Estação da Luz, por volta de 20 horas.
Chegávamos em Campinas por volta de 21.40 e precisávamos pegar o trem para Uberaba até as 22 horas.
Lembro disso quase em pânico.
Faltando meia hora para chegar em Campinas, papai já alertava para que ficássemos atentos, próximos da porta de saída do vagão.
Os momentos que antecediam à chegada eram de pura tensão.
Quando o trem ia parando, em Campinas, a gente já com as malas nas mãos, se preparava para o grande momento da baldeação.
E nem bem o trem parava, já saíamos correndo loucamente pela estação, e ainda para piorar, tínhamos que descer uma escadaria para passar sob as linhas, e subir do outro lado para chegar ao trem da Mogiana.
Sempre deu certo na verdade. Mas a tensão era maluca mesmo.
E não tinha nada melhor do que entrar no vagão, se ajeitar nas poltronas, guardar as malas, e sentar.
Era o momento do nirvana.
Lembro que depois de muito tempo, deu vontade de ir até Uberaba de trem.
Eu peguei um ônibus da Cometa as 14 da tarde e fui até Campinas.
Ai cheguei lá as 16 mais ou menos.
Fui para a estação, comprei passagem para Uberaba, e fiquei na plataforma do trem da Mogiana que saia as 22 horas. Esperei o trem se posicionar nos trilhos. Não tinha ninguém na plataforma.
Ai eu entrei no trem vazio, e fui em todos os vagões para escolher meu lugar. Fiz uma boa viagem.
Mas voltei de ônibus.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

VERBETE DA VIDA

Pessoas que me ajudaram muito:

ANTONIO AUGUSTO AZEVEDO FILHO

Deu bolsa de estudos para mim e meu irmão.
Deu emprego na Pavimentadora V. Matheus

MAX SENDER

Junto com o seu Elias, deu um cargo no banco e eu ganhava para pagar aluguel de casa, no
Banco Riachuelo.

ELIAS JOSÉ KATER

Meu padrinho no Banco Riachuelo

MARCO ANTONIO ARRUDA VIEIRA

Meu gerente no Banespa na área de TI

MINEIRO

Deu meu primeiro emprego na banca de jornal na Av. Rangel Pestana, em frente a Igreja das Almas.




VERBETE DA VIDA

Meu projeto para ter o dia e estudar estava caminhando bem.
Tinha entrado no Banespa e estava começando a trabalhar de madrugada. E tinha por cima um aumento significativo de salário. Mas o mais importante era ver um plano sendo realizado.
Mas não era fácil.
Na época estava fazendo a faculdade da vez, engenharia química, entre a muitas que comecei, e não tive saco para continuar.
Embora com todo entusiasmo da vida, era muito difícil ficar o dia estudando e trabalhar a noite.
E dormia quando dava.
Mas ai passei no concurso para a área de Processamento de Dados.
Na época não tinha profissionais no mercado, e éramos treinado na IBM do Brasil, na Av. 23 de Maio.
Fiz muitos cursos nela. Fui preparado, junto com os colegas que também passaram, para trabalhar na área. Operação, Programação e Análise de Sistemas.
Esse fato mudou minha vida.
Lembro bem de conversar com meu amigo Mechel Theodor Lenz, filho do Rabino Lenz, quando decidi definitivamente ficar na área, ao invés de aceitar propostas de estágios em três grandes corporações: Goodyear, Merck Sharp e outra que escapou.
Ele disse: você está em uma área nova, cheia de possibilidades, em um banco e em um banco público ... só coisas favoráveis ... não venha para essa área de química não ..." . Obrigado Mechel... valeu.

VERBETE DA VIDA

Eramos crianças e morávamos no Brás em São Paulo.
Um dia não sei o motivo, discuti com meu irmão Jefferson. Tínhamos um aro de ferro que era tocado por uma haste que fazia com que ele girasse. Era um brinquedo para a gente.
Eu queria brincar um pouco e o Jeff não queria deixar.
Ai eu disse que iria embora de casa.
E sai andando na rua que morávamos. Uma viela estreita e curta.
Claro que não fui longe. Fiquei escondido atrás de um carro na rua de cima, a Faustino de Lima.
E então vi meu irmão caminhando pela rua.
Foi até a avenida que era paralela a rua em que morávamos.
E depois de um tempo vi ele voltando, e chorando.
Acreditou que eu tinha ido embora de casa.
Até hoje lembro do rosto dele, chorando e caminhando rápido, certamente indo para casa para avisar mamãe que eu tinha sumido.

VERBETE DA VIDA

Tinha uma namorada chamada Mércia. Meu amigo Cortecero me apresentou. Ele era irmão de uma atriz da Globo, chamada Lidia Costa. Fez papéis importantes. Me lembro de Saramandaia.
Ela tinha 28 ou 29 anos e eu tinha 16 eu acho.
Ela era cantora e se apresentou no Fino da Bossa II no Teatro Paramont. Produzido pelo Walter Silva, o radialista conhecido como Pica-Pau. Gente muito boa.
Na noite antes do show, enquanto repassavam som, essas coisas técnicas, eu ficava por lá, meio assustado e meio curtindo o ambiente.
Estavam lá cantores do momento (Gil, Nana Caymme, Quarteto em Cy, entre muitos outros) e cantores praticamente desconhecidos.
Lembro bem de um moço, tímido e assustado, sendo abraçado por uma moça linda que certamente estava dando apoio e carinho. O moço é o Milton Nascimento. Outro desconhecido que ficou mais próximo de mim foi Renato Teixeira. Cara simples e muito legal. Certa vez jantou em casa.
Na época convivi com o pessoal da Bossa Nova. A Mércia cantava no programa do Vicente Leporace, na TV Bandeirantes, e eu estava por lá quase sempre, para acompanhar.
Uma vez me vi jogando bola de madrugada com um grupo de malucos, entre eles, Chico Buarque, Maranhão.
No bar Jogral da Galeria Metrópole, ouvi Luiz Carlos Paraná cantar música do Roberto Carlos que participava do Festival da Record, Maria Carnaval e Cinzas. Era comum estar junto com essa turma toda.
Sair na rua com eles era sempre um momento divertido. Todo mundo parava para olhar. Entrar em bar ou restaurante era quase um show. Muito divertido.
Era divertido mas era vazio demais. Todo mundo querendo e mais que isso, precisando ser visto e receber alguma proposta de trabalho. Era divertido pra mim. Para a turma toda parecia tenso.



segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

VERBETE DA VIDA

Quando terminei o curso comercial básico na 30 de Outubro, meu caminho natural seria continuar na escola e fazer o técnico de contabilidade, e depois estudar economia na mesma escola (Faculdade de Economia de São Paulo).
Mas minha fixação em fazer medicina me fez ir para o curso científico.
Eu não tinha base nenhuma para mudar de orientação curricular.
Fui estudar no Colégio Fernão Dias que ficava na Avenida Celso Garcia.
Lá conheci meu grande amigo Mario Donadio e sua então namorada Aracélis Paduam.
Estão na minha vida até hoje, e foram eles que me apresentaram minha mulher Angela Maria Dellare.
Ela trabalhava no Convivio, uma instituição que ministrava cursos de política.
No começo eu pensei que ela fosse agente do Dops.
Estou casado até hoje com a moça suspeita de ser dedo duro da polícia política.
Fui apresentado para ela no casamento do Alirio, na capela da PUC de São Paulo, na Rua Monte Alegre.
VERBETE DA VIDA

Quando eu trabalhava na Pavimentadora V.Matheus como office boy, certa época comecei a levar meu irmão para trabalhar comigo. Eu com 12 ou 13 e ele com um a menos.
O prazer dele em sair de casa comigo e ficar no escritório era imenso.
Eu também adorava.
Saiamos para pagar bancos, ir a Prefeitura na Rua Florêncio de Abreu, essas coisas.
Um dia o Dr. Antoninho disse que ele não poderia vir mais.
E foi bem triste falar para ele.
Mas ficou a lembrança de um momento bem feliz da nossa vida.

VERBETE DA VIDA

Trabalhava no Banco Riachuelo que foi comprado pelo Banco Bandeirantes.
No Riachuelo eu fui sub-chefe do Almoxarifado. Tinha 14 anos.
No Bandeirantes, fui promovido a Procurador. Tinha orgulho disso.
Minha cabeça vivia na medicina. Não entendia como alguém fazia carreira em alguma atividade burocrática. Achava tão pouco cuidar de papéis e procedimentos estabelecidos.
Um bom emprego na época era o Banco do Estado de São Paulo.
Planejei entrar no banco e depois ir para o turno da madrugada para poder estudar na Pinheiros.
Primeiro passei no concurso e depois sai do Banco Bandeirantes.
O dinheiro da demissão eu usei para dar entrada no apartamento da Rua João de Carvalho 36 apto. 713. O salário inicial do Banespa era o mesmo que ganhava como procurador do Banco Bandeirantes, em torno de 500.000,00. Que não se parca pelo tamanho dos zeros.
Comecei na Ag. São Luis, em frente ao Edifício Itália. Fazia muitas horas extras no primeiro ano.
Ganhava bem mesmo. Até ajudei meu irmão a fazer o cursinho sem precisar trabalhar.
Com meu salário pagava as parcelas da compra do apartamento.


sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

VERBETE DA VIDA

Minha mãe era minha referência.
Uma das lembranças mais dramáticas que eu vivi com com ela, foi um dia em que alguém me falou .. sua mãe está chorando lá no fundo do quintal.
Eu fui até ela. Eu devia ter uns 6 ou 7 anos.
Ela tentou disfarçar mas fiquei insistindo para ela parar de chorar.
E acredito que em uma reação completamente emocionada, ela falou da doença do meu pai. E era por ele que ela chorava.
Nunca me disseram nada, mas, por tudo que aconteceu depois, eu acho que papai tinha doença de Chagas, causada por picada do barbeiro. Uberaba era uma área endêmica.
Mas é muito claro tudo pra mim. Como se fosse hoje.
Não sei se porque a vi tão frágil e indefesa, disse com segurança que hoje me assustaria para uma criança de 6 ou 7 anos, que eu sempre estaria do lado dela para ajudar.
Que ela poderia contar comigo.
Sinto uma sensação tão boa quando penso que eu fiz isso mesmo.
Cuidei dela até o último momento.
Morreu com 80 anos em Uberaba.
Falar dela é emoção, saudade, felicidade ao mesmo tempo.
As vezes penso como seria  poder dar um abraço na minha mãe e no meu pai, agora.

VERBETE DA VIDA

Deveria ter 11 ou 12 anos. Trabalhava durante a tarde e a noite ia para a 30 de Outubro, no Brás.
Chegava em casa depois de pegar um ônibus e ir para o Tatuapé, onde eu morava.
Meu pai me esperava no ponto do ônibus, e vinhamos conversando até chegar em casa.
Mas, mesmo antes, de ter mudado para o Tatuapé, quando ainda morava na Rua Ana Tenório 75 no Brás, meu pai ia me esperar na porta da escola, da 30 de Outubro.
E lembro que vinha com o braço no ombro dele. Já bem debilitado íamos bem devagar.
O engraçado é que meus colegas diziam que eu era mimado por conta disso. Eu não ligava.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

VERBETE DA VIDA

No dia que defendi a dissertação de mestrado, e tirei 10, a maior nota da Universidade, voltei de carona até o começo da avenida Paulista, e resolvi caminhar por ela inteirinha até chegar na 23 de Maio e tomar o ônibus para o Campo Belo onde eu morava, na Constantino de Souza.
Foi legal caminhar e pensar na vida.
Eu que nunca cuidei bem da minha vida acadêmica era Mestre em Gestão.
Acho que meu pouco caso pela universidade aconteceu porque quando não consegui entrar na faculdade mais difícil do país, fiquei sem vontade de tentar outra.
Embora tenha começado Economia, Matemática, Química, nunca deu muita vontade de seguir.
Curiosamente, medicina não seria o que eu mais gostaria de fazer.
Eu não tinha informações de cursos que eu poderia gostar.
Porém, medicina representava ciência pra mim. Representava estudar muito, pesquisar, viajar o mundo, essas coisas todas.
Entrei no Banespa para poder trabalhar de madrugada e tentar estudar na Pinheiros.
Meu salário era fundamental para minha casa. Eu pagava as prestações da casa que comprei para  minha mãe, e se eu não pagasse não teria alternativa.
Mas consegui colocar meu plano em ação e passei no concurso do Banespa e consegui trabalhar de madrugada.
Cheguei a prestar vestibular para medicina e entrei na USP do interior.
Mas não consegui organizar a vida para continuar arrimo de família e mudar de cidade e trabalhar de madrugada. Fiquei com saco cheio e fui fazer engenharia química.
VERBETE DA VIDA

Quando eu recebi meu primeiro abono de Natal fiquei tão empolgado que sai comprando coisas.
Comprei presente para meu irmão Jefferson, para meu primo Jayme, para minha mãe e meu pai.
Quando cheguei meio que levei uma chamadinha do meu pai que disse que eu deveria ter guardado o dinheiro .. mas minha mãe contemporizou.
Bem o jeitão do meu velho amado ... quando eu recebi meu primeiro salário, formos na agência da Caixa Econômica Federal do Largo da Concórdia e abrimos uma Caderneta de Poupança. Tenho ela até hoje. E me lembro como era elogiado e respeitado pelos meus pais. Muito orgulhosos de  mim.
E eu estava muito metido mesmo.
VERBETE DA VIDA

Meus pais comemoraram bodas de prata na igreja que fica na Praça Silvio Romero, no Tatuapé.
tinham muitas pessoas na igreja. Depois fomos para casa, que ficava na Emilio Mallet, 370 e fizemos uma comemoração.
Lembro dos meus pais felizes.
Lembro da vitrola emprestada para ouvirmos Ray Conniff e Bert Kanffert e até hoje me emociono quando escuto.

sábado, 23 de novembro de 2019

VERBETE DA VIDA - Seu Antoninho, um anjo na minha vida.

Tinha 10 anos e havia terminado o primário no Romão Puiggari no Brás em S.Paulo.
Havia uma escola na rua Oiapoque, que ficava em frente ao Romão, do outro lado da avenida Rangel Pestana, chamada 30 de Outubro. Era uma escola técnica comercial, e tinha curso ginasial técnico em contabilidade a noite.
Pensava em trabalhar durante o dia, e estudar a noite, e poderia ser uma solução interessante.
Fui até a 30 de Outubro, e fiquei sabendo que era uma escola paga.
Na época qualquer coisa que tivesse que pagar era impensável em casa.
Me disseram que eu poderia conseguir uma bolsa de estudos.
Cheguei em frente ao diretor da escola, Antonio Augusto Azevedo Filho, e pedi uma bolsa de estudos. Disse sobre as coisas da minha família passava.
Antonio Augusto de Azevedo Filho, deu a bolsa para o curso todo, até a quarta série. E deu também para meu irmão, Jefferson.
E me deu um emprego também. Na Pavimentadora Vicente Matheus, para trabalhar meio período, da tarde, no caso.
Tive que tirar "Carteira de Menor", especial para quem tem menos de 14 anos.




domingo, 17 de novembro de 2019

VERBETE PELA VIDA -  A TEMPESTADE

Eu teria na época uns 3 ou 4 anos.
Morava em Uberaba, na Rua Padre Zeverino, acho que número 36.
Choveu muito na tarde. Deveria ser verão.
Depois da tempestade passar, as pessoas saíram de suas casas, e foram para a calçada falar da chuva.
Vizinhos abrindo as janelas, comentando alegremente a chuva.
Eu vi a tarde se por. O cheiro de chuva, a claridade do sol que se escondia.
Meu pai chegou do trabalho, e ficamos minha mãe, minha avó, na calçada conversando com os vizinhos até começar a anoitecer.
Sempre que lembro disso, lembro do navio do Amacordd, do Felini, como momento encantado.
Isso nunca saiu da minha memoria, como se fosse alguma coisa que jamais deveria esquecer.


VERBETE PELA VIDA - RABANADA E SINOS DA SANTA RITA

Vó Pineta me levou para passear. Fomos à casa da tia Haide, no bairro São Benedito.
Lá comi rabanada com café e leite.
Voltamos ao entardecer.
Quando estávamos chegando na esquina da praça Santa Rita, estava tocando os sinos das 6 horas da tarde.
Vó Pineta fez o sinal da cruz e pediu para eu também fazer.
O sol ainda forte, e meio penumbroso e inesquecível.
Isso também nunca saiu da minha memória. E quantas vezes nos momentos mais tristes esse instante dava luz.


segunda-feira, 28 de outubro de 2019

VERBETES PELA VIDA

Me perguntaram outro dia, qual a minha primeira lembrança que eu tive da vida.
Pensei um tempo, e passaram algumas cenas pela cabeça.
Mas, eu não consegui identificar se eram lembranças de fatos realmente vividos, ou eram lembranças de alguma imagem reproduzida em outras fases da vida, que se referiam ao momento.
Mas para registro, tenho a lembrança de estar sendo amamentado pela mamãe, a noite.
Outra referência, é ter ajudado a transportar uma mesa, grande pelo meu tamanho, junto com alguém que não lembro, e ter sido muito elogiado pelas pessoas, pela minha iniciativa em me dispor a ajudar.


sábado, 13 de julho de 2019

Sobre o PT

Qual a distância entre a verdade dos fatos, e o que ouvimos pela imprensa como sendo a verdade dos fatos?
Por conta dessa dependência da informação jornalística, as vezes me parece fantasioso procurar entender os processos políticos e tentar a partir deles, elaborar ideias baseadas na lógica elementar:  a sensação é de que se constrói uma estrutura lógica que faça sentido, muito  mais do que uma representação possível da verdade.
Mas, para poder desenvolver elaborações intelectuais de uma possível representação da verdade, admitamos que as interpretações da realidade produzidas pela imprensa sejam verdadeiras.
Levando em conta, portanto, o que temos lido nas publicações de jornalistas políticos e econômicos, o PT perdeu de 7x1, com olé, para a direita, e com isso leva toda a esquerda para o mesmo fosso.
O partido, PT, teria cometido, a partir dos 85% de aprovação do governo Lula, em 2012, todos os erros possíveis, na defesa, no meio de campo, no ataque, nos desempenhos individuais, coletivos, táticos, técnicos.
Destruiu relações históricas com apoiadores, ignorou princípios econômicos fundamentais, ignorou o surgimento de questionamentos na sociedade, apostou primariamente em uma força política que já não tinha mais.
Porém, não foram só as besteiras elementares que provocaram sua decadência política.
Nestes anos de glória, quando obteve sucessos importantes, após mudar postura histórica de fiscal moral da república (e optar por ser protagonista, e não mais apenas vestal no cenário político), em essência não produziu alterações no modelo de gestão do Estado, compatíveis com a filosofia social democrata.
A pirâmide da distribuição de renda é a mesma de sempre da nossa história, o país tem mais de 60.000 assassinatos por ano, de cada 100,00 que se gasta com educação, apenas 13% chega na sala de aula.
Desempenhou o papel típico de governantes populistas, negociando apoios e aceitando estruturalmente a corrupção como estratégias de governo.
Nem pensar em autocrítica!
E principalmente, transferiu para os partidos de direita, o papel de moralizador.
E a esquerda tem que admitir que o PT parecia ter um projeto de poder, não um projeto ideológico social democrata.









quarta-feira, 10 de abril de 2019

Tecnologias Educacionais - Não são sómente elas

Os recursos tecnológicos por si só não são garantia de melhoria na aprendizagem.
O que é decisivo é a atitude do aluno com relação ao estudo De nada adiantam os recursos tecnológicos, se o aluno não for tocado pela curiosidade, vontade de saber.
Acho que o maior desafio da educação é exatamente este: ser atraído pelo conhecimento.
E ai entram os fatores motivadores, como incentivo familiar, motivação de realização, etc.
Portanto, mais do que dar ferramentas tecnológicas, o estudante precisa de motivações externas. Precisa encontrar os motivos que o incentive a buscar o conhecimento.
A mágica para esta atitude, é a ferramenta fundamental para motivá-lo.
E quais seriam os principais fatores externos?
Família em primeiro lugar, pois os valores mais profundos vêem dai.
Grupos de amigos, ambientes sociais saudáveis, como amigos da escola, vizinhos, grupos religiosos, etc.
Fatores econômicos, são também decisivos. Uma pessoa que viu a irmã se esforçar para ter diploma superior, e depois a vê trabalhando em um emprego que nada tem a ver com o que estudou, além de não ter rendimento que justifique todo sacrifício que fez, não é razão para motivar ninguém.

domingo, 29 de janeiro de 2017

Como funciona a sala de aula invertida.

Eis o princípio por trás da metodologia da “sala de aula invertida” (Flipped Classroom, em inglês), que propõe a inversão completa do modelo de ensino. Sua proposta é prover aulas menos expositivas, mais produtivas e participativas, capazes de engajar os alunos no conteúdo e melhor utilizar o tempo e conhecimento do professor. “A metodologia tradicional deixa o aluno num papel passivo, simplesmente ouvindo as explicações do professor. Ao inverter esse modelo e fazer com que o aluno assista às aulas fora do ambiente da escola ou universidade, há um aumento na presença e participação em sala de aula”, explica a educadora Andrea Ramal, diretora do GEN | Educação. Quando um conteúdo totalmente inédito é apresentado ao aluno, a introdução se dá, em geral, por meio de textos e videoaulas que apresentam os conceitos básicos e exercícios resolvidos como exemplos. “A leitura antecipada incita o raciocínio prévio e eleva o papel do professor. Esse passa de expositor para tutor, auxiliando e incentivando o aprendizado mais profundo do aluno quando ele traz dúvidas, raciocínios e discussões prévias”.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

STEVE JOBS - Leonardo da Vinci da modernidade

Nascido em San Francisco e filho adotivo de Paul e Clara Hagopian Jobs, que lhe deram o nome de Steven Paul[8]. Os seus pais biológicos deram-no para adopção, pois não lhe podiam proporcionar condições para que Steve se formasse na universidade[9]. Ao lado de seu parceiro tecnológico Steve Wozniak, Jobs fundou a Apple Computer em 1976 com o lançamento do Apple I e logo depois o Apple II. Com a Apple capitalizada pelos seus computadores "criativos" e simples, respeitada pela sua ousadia, a partir de 1979 iniciaram em conjunto a criação de um projeto que iria revolucionar tudo em matéria de hardware e software. Era o então projeto Macintosh, que ainda estava em suas cabeças e no papel. Este projeto sugeria o desenvolvimento de uma interface gráfica baseada por navegação de ícones, pastas e janelas (a chamada GUI) tudo isso acionado por um mouse - naqueles tempos os computadores só usavam o teclado - e uma prévia demonstração da tecnologia foi vista por Jobs numa polêmica visita ao PARC da Xerox Corporation, o que lhe rendeu algumas acusações sem provas concretas de espionagem industrial, fato que ainda não foi totalmente esclarecido e ao que tudo indica o modelo do sistema da Xerox foi apenas uma inspiração que desencadeou a criação do primeiro Mac OS (o sistema operacional padrão nos Macintosh). - Wikipédia-

sábado, 16 de abril de 2011

Novos Paradigmas Educacionais - Ken Robinson

Assistam a este vídeo. Como sugestão, para aproveitar os desenhos que são criados durante a palestra, ou procurem assistir várias vezes, ou vá parando o vídeo durante seu desenrolar.
O vídeo não abrirá imediatamente. Você deverá pedir para abrir o vídeo em uma nova janela.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Administração não é profissão!!!

Interessante abordagem do Prof. Richard Barker da Universidade de Cambridge, Inglaterra, criticando o conceito de que administrador seja uma profissão. Compara com outras atividades que possuem um conjunto de atribuições, regras de atuação e comportamento, normas éticas, entre outras coisas, que não são exigidas de um administrador.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Assistam às palestras do Café Filosófico

Ilusões que se vão, prosperidade que se mostra oca podem trazer uma oportunidade importante: o que é viver melhor com menos, o que é evitar o consumismo e pensar num mundo mais sustentável?

Palestra de Olgária Matos no programa Café Filosófico CPFL gravada no dia 14 de outubro, em São Paulo.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Saudação aos meus queridos alunos do curso de administração da UNIB, Turmas de 2009, que carinhosamente me escolheram como paraninfo.

E chegaram ao fim da etapa!!

E como se não bastassem os desafios naturais e esperados ... para obtenção das competências e habilidades exigidas para a formação profissional ... vocês tiveram que superar tantos outros.

Alguns decorrentes das circuntâncias econômicas da maioria de todos nós, que impuseram sacrifícios que muitas vezes não foram tão sentidos, graças a juventude e energia de todos vocês, como terem passado quatro anos de suas vidas ... dormindo pouco... alimentando-se mal ... enfrentando trânsito... sentando-se em cadeiras duras e desconfortáveis ... e ainda pagando por isso!!

E sem falar nas instabilidades experimentadas durante este período.

Dois pensadores que eu admiro muito disseram coisas que se ajustam bem as suas vidas. Ortega y Gasset escreveu: “o homem é ele e sua circunstância”, e Darwim disse: “os melhores elementos de suas espécies são aqueles que se adaptam melhor”. E eu complemento: “compreender o contexto, e encontrar formas de ação que nos leve para um nível superior de vida, tanto como indivíduo, como socialmente, porque apenas soluções individuas não serão suficientes.”

Os vencedores, como vocês, fazem como vocês fizeram: compreenderam as circunstâncias, se adaptaram as variaveis do contexto e e venceram.

Por fim, dizer que me sinto muito honrado em paraninfar vocês. Meus ex-alunos, e agora meus colegas e meus amigos.

Parabéns aos pais por terem colocado no mundo estas preciosidades.

E agora um pedido: que hoje não seja a última vez que estejamos juntos. OBRIGADO.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Beleza de trabalho Lucilane, parabéns

Depoimento interessante da Lane, minha aluna do 6º semestre da UNIB, Campus Flora;
"Bom dia professor Duda,
Todos o trabalhos externos executados eram na base de “fazejamento”, e isso causava um stress totalmente desnecessário, e muitas vezes, prejuízos, no caso de re-trabalho e não cumprimento de cláusulas de contrato por falta de material e prazos estourados.
Bom, foi aplicado o conceito na empresa de Planejamento e Cronograma.
Havia uma possibilidade de, ao invés de compramos o projeto de modificação da aeronave, nós mesmos fizessemos o projeto, e tentássemos consequentemente, a homologação do mesmo.
Listamos tudo o que era necessário para que isso acontecesse, dividimos as tarefas e controlamos o prazo que tínhamos para entregar o projeto.
Em 30 dias isso foi possível, e no inicio do mês de Outubro, foi dado entrada no processo de homologação junto a EMBRAER, e estamos aguardando apenas sua efetivação.
A palavra de ordem aqui é Planejamento e Cronograma.

Visite o site: http://www.navyaerospace.com/

Atenciosamente,

Lucilane Q. Oliveira


Administration Accouting

terça-feira, 24 de junho de 2008

Gerenciamento de Projetos - PMI

Próximo semestre estarei lecionando aulas de Gerenciamento de Projetos (PMI). O material para o curso estará sendo disponibilizado nos próximos dias.

abraços

Duda