segunda-feira, 25 de maio de 2020

VERBETE DA VIDA


Hoje soube da morte de uma pessoa conhecida.
Era uma referência da área médica.
Eu o conheci faz uns cinquenta anos. Fui levar minha mãe para ele consultar.

Lembro que sai do consultório com admiração, até misturada com inveja, de respeito, não aquela de raiva pela pessoa.

Teve uma vida  brilhante na área médica, mas com dramas pessoais inacreditáveis na vida familiar.

Senti do mesmo jeito, quando soube das mortes da família de um tio, irmão do meu pai.

Era a família modelo. Pai batalhador, 4 filhos, todos brilhantes e com sucesso profissional e pessoal.
Em três ou quatro anos, todos morreram. Ainda vive apenas um dos meus primos.

Lembro de como eu os admirava.

E de repente, nem o médico que se foi hoje, nem a família do meu tio existem mais.
Serão na melhor das hipóteses referências e lembranças, cada dia mais distantes e fugazes.

Em que se transformou a energia que investiram nos embates da vida?

Alguém ou alguma coisa joga sim, dados com a gente.

Qual a força que produz a motivação para tanta luta?

A crença utilitarista burguesa das vidas de sucesso?

Teria sentido tudo isso? Ou, a vida tem sentido?

Ou sentido é o  mesmo valor utilitarista burguês criado para suportarmos o peso dessa porra chamada vida.