sábado, 14 de dezembro de 2019

VERBETE DA VIDA

Quando íamos para Uberaba de trem, pela Mogiana, tínhamos que ir até Campinas, pela Paulista.
Era uma das coisas mais desesperadoras, dentro das minhas deliciosas viagens para passar férias na casa da Vó Dita.
Saíamos da Estação da Luz, por volta de 20 horas.
Chegávamos em Campinas por volta de 21.40 e precisávamos pegar o trem para Uberaba até as 22 horas.
Lembro disso quase em pânico.
Faltando meia hora para chegar em Campinas, papai já alertava para que ficássemos atentos, próximos da porta de saída do vagão.
Os momentos que antecediam à chegada eram de pura tensão.
Quando o trem ia parando, em Campinas, a gente já com as malas nas mãos, se preparava para o grande momento da baldeação.
E nem bem o trem parava, já saíamos correndo loucamente pela estação, e ainda para piorar, tínhamos que descer uma escadaria para passar sob as linhas, e subir do outro lado para chegar ao trem da Mogiana.
Sempre deu certo na verdade. Mas a tensão era maluca mesmo.
E não tinha nada melhor do que entrar no vagão, se ajeitar nas poltronas, guardar as malas, e sentar.
Era o momento do nirvana.
Lembro que depois de muito tempo, deu vontade de ir até Uberaba de trem.
Eu peguei um ônibus da Cometa as 14 da tarde e fui até Campinas.
Ai cheguei lá as 16 mais ou menos.
Fui para a estação, comprei passagem para Uberaba, e fiquei na plataforma do trem da Mogiana que saia as 22 horas. Esperei o trem se posicionar nos trilhos. Não tinha ninguém na plataforma.
Ai eu entrei no trem vazio, e fui em todos os vagões para escolher meu lugar. Fiz uma boa viagem.
Mas voltei de ônibus.