segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

VERBETE DA VIDA

Quando vou a São Paulo, arrumo algum motivo para caminhar pelo centro velho da cidade.
E em cada passo, me emociono.
Um dia precisava ir até a Rua Alvaro de Carvalho, mas deixei o carro em uma garagem perto da Praça da Sé;
Era uma tarde ensolarada.
Me vi office boy caminhando pelas ruas XV de Novembro, Boa Vista, Alvares Penteado e tentando lembrar dos bancos que eu "fazia" quase todas as tardes.
Primeiro tinha que visar os cheques. Depois ia até os bancos, pegava uma senha, esperava ser chamado e pagava o título.
As vezes tinha que ir até a prefeitura no fim da Florêncio de Abreu, para entregar ou buscar algum documento ou certidão.
No fim da tarde, voltava para o escritório, que ficava na Rua 7 de Abril, 404, e depois foi para a mesma rua no 127.
Organizava os documentos, prestava contas dos pagamentos.
E então ia tomar o lanche.
O pão doce com goiabada mais delicioso do mundo. E uma média.
Era meu nirvana.
E depois, caminhava da 7 de Abril, quase esquina com a Praça da República, até a Rua Oiapoque, na 30 de Outubro.
E algumas vezes comia um misto quente e uma cerejinha. Devia ter uns 13 anos.
Caminhando pelo centro velho de S.Paulo, e atravessando o Viaduto do Chá, passando em frente ao Mappin e ao prédio da Light. Entrava na Barão de Itapetininga, chegava na Praça da República.
Na praça olhava a esquina com a São Luis, o edifício Itália, em frente a agência S.Luiz do Banespa.
Fazia força para não chorar de saudades.
Dava a sensação que encontraria alguma colega andando por lá.
Parecia tão certo que se eu fosse na agência iria encontrar o Lemos, o Ney, a Ruthinha, o Camilo, o Nilson.
Quanta energia e esperança.
Se eu soubesse que no fim iria acabar tudo bem, não teria me incomodado nem sofrido as dúvidas e tensões que sofri.