quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

VERBETE DA VIDA

Tinha uma namorada chamada Mércia. Meu amigo Cortecero me apresentou. Ele era irmão de uma atriz da Globo, chamada Lidia Costa. Fez papéis importantes. Me lembro de Saramandaia.
Ela tinha 28 ou 29 anos e eu tinha 16 eu acho.
Ela era cantora e se apresentou no Fino da Bossa II no Teatro Paramont. Produzido pelo Walter Silva, o radialista conhecido como Pica-Pau. Gente muito boa.
Na noite antes do show, enquanto repassavam som, essas coisas técnicas, eu ficava por lá, meio assustado e meio curtindo o ambiente.
Estavam lá cantores do momento (Gil, Nana Caymme, Quarteto em Cy, entre muitos outros) e cantores praticamente desconhecidos.
Lembro bem de um moço, tímido e assustado, sendo abraçado por uma moça linda que certamente estava dando apoio e carinho. O moço é o Milton Nascimento. Outro desconhecido que ficou mais próximo de mim foi Renato Teixeira. Cara simples e muito legal. Certa vez jantou em casa.
Na época convivi com o pessoal da Bossa Nova. A Mércia cantava no programa do Vicente Leporace, na TV Bandeirantes, e eu estava por lá quase sempre, para acompanhar.
Uma vez me vi jogando bola de madrugada com um grupo de malucos, entre eles, Chico Buarque, Maranhão.
No bar Jogral da Galeria Metrópole, ouvi Luiz Carlos Paraná cantar música do Roberto Carlos que participava do Festival da Record, Maria Carnaval e Cinzas. Era comum estar junto com essa turma toda.
Sair na rua com eles era sempre um momento divertido. Todo mundo parava para olhar. Entrar em bar ou restaurante era quase um show. Muito divertido.
Era divertido mas era vazio demais. Todo mundo querendo e mais que isso, precisando ser visto e receber alguma proposta de trabalho. Era divertido pra mim. Para a turma toda parecia tenso.